Plenária sobre jornada de trabalho na saúde lota Câmara em Cruz Alta

A Plenária debateu a excessiva jornada de trabalho dos profissionais da saúde, em especial a da enfermagem, e as consequências que isto traz para a segurança do paciente, do profissional e para a qualidade de vida do trabalhador da saúde.

Em seu pronunciamento, o presidente da FEESSERS, Milton Kempfer, a maioria dos profissionais da área cumprem jornadas de trabalho semanais que vão além da jornada máxima definida pela Constituição Federal, que é de 44 horas semanais. “E preciso lembrar que eles lidem com o bem maior do indivíduo, que é a sua saúde”, considerou.

Na ocasião, a conselheira do Coren-RS, Aline Veleda, salientou que uma das missões do Conselho é de unir a categoria e apoiar as suas lutas: “o Coren está na luta pela regulamentação da jornada de trabalho de 30 horas, mas também na luta por um piso digno”.

“Os recursos hoje disponibilizados para a saúde não comportam a atual demanda por profissionais da saúde que, só hoje – de acordo com dados da OMS – está deficitária em 20%. Com a implantação das 30 horas para a enfermagem outros 20% a mais de trabalhadores seriam necessários”, observou o presidente do Sindicato dos Hospitais do Noroeste do Estado, Danilo José Perius. Para quem será preciso unir a patronal com as entidades dos trabalhadores a fim de alcançar financiamento para as 30 horas.

A presidente do SINDISAÚDE de Passo Fundo, Teresinha Perissinotto, foi aclamada pelos presentes ao revelar a tristeza de ver colegas da enfermagem se demitindo para se tornarem atendentes em postos de gasolina, balconistas de loja e caixas de supermercado. “Quero ver quem vai atender a população, pois daqui há pouco, não vai sobrar ninguém”, observou.

A presidente da Aben, Terezinha Valduga, concordou com Perissinoto. Para ela, a saída dos profissionais do setor deve ser preocupação não só da categoria, mas também dos gestores e do governo.

Para Gilmar França, presidente do SINDISAÚDE-RS, é preciso união e respeito entre os trabalhadores da categoria. “O técnico e o auxiliar de enfermagem tem que dizer para o enfermeiro – gestor da equipe – que não tem condições de cumprir todas as tarefas que lhe são repassadas. Estamos adoecendo e recebendo um salário de esmola, arcamos com responsabilidades demais e estamos no limite”, afirmou.

A diretora de enfermagem do Hospital Universitário de Santa Maria, Soeli Terezinha Guerra, afirmou não ser possível aceitar o discurso dos donos dos hospitais e dos gestores em geral que responsabiliza a enfermagem pelas dificuldades financeiras, “especialmente dos hospitais privados e filantrópicos com a implantação das 30h. Entendam que, por trás dessas falas eles querem manter a situação da carga horária desumana e salários precarizados”.

O deputado Valdeci Oliveira (PT), coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Enfermagem, disse que “regularizar a carga horária do profissional da saúde é garantir atendimento de saúde de mais qualidade para a população”.

Também compuseram a mesa o secretário de Administração de Cruz Alta, Fernando Justem, e sua colega, Carmem Gutierrez, da Administração, além do diretor da CNTS, Emerson Pacheco, da diretora do CNTSS, Teresinha Perissinotto, e do vice-presidente da Câmara de Vereadores, Gustavo Bilibio. Também estiveram presentes a enfermeira Claudia Santos, do SERGS, e o presidente da Assergh, Arlindo Cruz.

A próxima plenária organizada pela Federação será realizada no dia 12 de abril,  em Alegrete, onde participarão os SINDISAÚDES de São Gabriel, Rosário do Sul, São Borja e Santana do Livramento .

A Frente Parlamentar em Defesa da Enfermagem realizará no próximo dia 13 de março, às 15h, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, a sua primeira reunião de planejamento das atividades para o ano de 2013.

Rosa Pitsch (Mtb-5015)