A terceirização, aprovada na quarta-feira (22/03) na Câmara dos Deputados, acabou sendo o principal assunto explanado na Assembléia de Lançamento da Campanha Salarial Unificada para Passo Fundo e Erechim, realizada ontem (23/03) no auditório do SINDISAÚDE de Passo Fundo.
“O que deve ser feito no pais é uma reforma de privilégios e não a trabalhista”, observou o presidente da FEESSERS, Milton Kempfer, para quem a possibilidade de terceirização na área hospitalar não irá atingir apenas os trabalhadores, mas que vai prejudicar também a população pela precarização no atendimento.
Segundo a presidente do sindicato passo-fundense, Terezinha Perissinotto, a medida “foi uma paulada que lhe tirou o sono à noite”. O texto-base do projeto de lei que autoriza o trabalho terceirizado para qualquer tipo de atividade, que seguirá agora para sanção presidencial, também foi tema do presidente do SINIDAÚDE de Erechim, Adilson Szymanski, para quem vamos voltar ao tempo da escravatura.
A diretoria de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Enfermeiros do RS, Claudia Ribeiro Franco conclamou a todos a participarem de uma greve geral no dia 1º de Maio, pois a terceirização “está rasgando os direitos dos trabalhadores”.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias de Máquinas Agrícolas de Passo Fundo, Alcedir de Andrade, a terceirização no setor da saúde vai fazer com que os hospitais “passem a ser só a casca dos hospitais”. Ele entende que os seus funcionários poderão passar a ser todos terceirizados com a medida do Governo Temer.
Presente ao encontro, o deputado estadual Altemir Tortelli (PT) também ressaltou que a aprovação do projeto é o “pagamento da fatura” à elite empresarial brasileira pelo apoio concedido ao “golpe” contra a presidenta Dilma Rousseff. Para ele, os únicos favorecidos com a sua aprovação serão os empresários, que poderão agora subcontratar seus empregados, via terceirização, sem se preocupar em assegurar direitos como férias, 13º salário, licença-maternidade, licença-saúde, respeitar a jornada dos trabalhadores e nem garantir segurança no ambiente laboral.
DIEESE
A palestra do diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Ricardo Franzói, apresentou os estudos sobre a região apontando que existem cerca de 74 mil técnicos e auxiliares de enfermagem na região. Este contingente, entre as 25 categorias profissionais existentes, ocupa o quinto lugar, mas em Passo Fundo é o segundo, atrás apenas dos comerciários.
A remuneração média – entre salários, adicionais e 13º Salário -, no entanto está em nono lugar em Passo Fundo. Em Erechim, ocupa o 8º lugar em número de profissionais e o 11º em ganhos.
A média salarial é de R$ 1.627,00, isto quer dizer, segundo o economista, que um quarto do seu salário serve para pagar a cesta básica, calculada em R$ 435,00. Ele sublinhou o fato de que, segundo o DIEESE, para sustentar uma família de quatro integrantes, o salário mínimo deveria ser de R$ 3.658,00.