A mesa temática “Os “Desafios da Comunicação Sindical”, que encerrou na tarde desta sexta-feira (2) o Seminário Estadual “Comunicação, Democracia e Resistência”, apontou a necessidade de mais investimentos da CUT e das entidades para aprimorar a comunicação dos trabalhadores e das trabalhadores. O evento foi realizado, na sede da Fetrafi-RS, no centro da capital gaúcha, com a participação de 140 jornalistas e demais profissionais de comunicação. dirigentes sindicais e ativistas de movimentos sociais. Ao final foi aprovada a Carta de Porto Alegre.
O painel contou com exposições do secretário de Comunicação da CUT Nacional, Roni Barbosa, do secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, do diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, e da diretora do SindBancários, Ana Guimaraens. Os dirigentes da CUT e dos dois sindicatos abordoram a atuação que desenvolvem na área da comunicação.
Plenário do seminário
O diretor do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, salientou a trajetória do jornal Extra Classe, do Sindicato, dizendo que “é o maior destaque na comunicação do Sinpro”. Ele ressaltou que a entidade mantém publicações mais direcionadas para a base, como os boletins informativos que são enviados pelo correio ou entregues nos locais de trabalho. “Como acontece em qualquer Sindicato”, explicou, “porém o Extra Classe nasceu da necessidade de abordamos outros assuntos com a nossa base e, posteriormente, passamos a dialogar para a sociedade em geral”.
Marcos ressaltou que a sustentação do jornal é uma preocupação recorrente. “Já houve uma campanha de assinaturas, o que não deu certo. Temos espaço para anúncios e estamos sempre em busca de parcerias”, contou.
Mais visibilidade
O jornal foi lançado em março de 1996 e 18 anos depois, em 2014, a publicação foi para a internet no extraclasse.org, onde além da reprodução das matérias, que estão no formato impresso, há também produção exclusiva para o site. “Isso surgiu da necessidade de ampliarmos o número de leitores”, disse.
Atualmente, a versão impressa vai para os trabalhadores associados, que recebem a publicação em casa e há também a distribuição em pontos da cidade de Porto Alegre. A tiragem é de 25 mil por mês. “O Extra Classe é a vitrine do nosso Sindicato”, classificou o diretor. “Ele é a expressão de uma política de comunicação e isso não se faz sem profissionais de comunicação.”
“É um projeto exitoso, que sempre teve o apoio das direções que se sucederam ao longo desse tempo e que sempre tiveram muito respeito com a linha informativa do Sinpro”, sublinhou Marcos. Para ele, as entidades devem sempre buscar o diálogo com a sociedade, mas “o nosso primeiro desafio é dialogar com a nossa própria base.”
O Sinpro também conta a revista semestral “Textual”, aplicativo para os associados, site e atuação nas redes sociais.
Comunicação como estratégia política
Para o secretário de Comunicação da CUT Nacional, Roni Barbosa, seminários como este “trazem a comunicação para o centro do debate e da estratégia política das entidades”. Ele destacou o protagonismo da CUT na luta contra o golpe, o que, segundo o dirigente, aumenta ainda mais a responsabilidade.
“Esse golpe nos mostrou o poder da mídia no Brasil”, enfatizou Roni, “o que torna impossível não debatermos a comunicação que realizamos nos sindicatos e com a sociedade. Pois precisamos disputar a opinião, falar com o maior número possível de pessoas”.
Roni citou o Encontro Nacional de Comunicação da CUT (Enacom), realizado este ano, onde foram definidas as diretrizes da comunicação cutista. “Todos os sindicatos filiados a nossa Central devem se apropriar dessas diretrizes”. Para ele, o maior desafio é organizar a comunicação dos sindicatos a trabalharem de forma conjunta, com pautas unitárias.
A informação tem que estar onde as pessoas vão buscar essa informação
Para a diretora do SindBancários, Ana Guimaraens, o fazer comunicação num sindicato passa por diversos elementos, desde recursos humanos, investimentos, estrutura, planejamento e parcerias.
“O Sindicato tem jornal impresso, matérias para o site, coberturas em vídeos, charges, artes (folders, banner, cartazes, cartilhas…), spots para rádio e carro de som. Nós procuramos sempre produzir muito conteúdo”, contou Ana.
A dirigente mostrou números que provam o crescimento de acessos e curtidas nas redes sociais do sindicato. “Mas isso é fruto de estudo e planejamento”, ressaltou. “A informação tem que estar onde as pessoas vão buscar essa informação”, salientou.
“Fazer jornalismo é o nosso maior desafio e investimos nisso”, ressaltou, acrescentando que o foco é no sindicalismo, trabalhadores e luta de classe. “A comunicação é a coisa mais socialista do mundo”, finalizou.
Investir em comunicação é fundamental
O secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, abordou o trabalho de comunicação da CUT-RS com melhorias e atualização permanente no site e fanpage da Central nas redes sociais.
“Retomamos o Coletivo de Comunicação, com reuniões de dois em dois meses. Esse seminário, por exemplo, surgiu em um desses encontros”, contou Ademir, divulgando que a partir de agora as reuniões serão mensais “para articular e fortalecer ainda mais a nossa rede”.
O dirigente ressaltou também a atuação da CUT-RS no último período, destacando a formação dos Comunicadores pela Democracia, que realizou inúmeras atividades na luta contra o golpe. “Estamos também na coordenação estadual do Comitê Gaúcho do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), junto com o Sindicato dos Jornalistas e do Sindsepe”.
Desde agosto, a CUT-RS tem uma parceria com a TVT, a TV dos Trabalhadores, para a realização de vídeos que são exibidos no Seu Jornal, o noticiário da emissora que vai ao ar de segunda a sábado, das 19h às 19h45, podendo ser assistido pelo site da TVT e em canais abertos de São Paulo, Mogi das Cruzes (SP), ABC e Brasília.
Muitos desafios
Para Ademir, o principal desafio é aumentar os investimentos, as parcerias e o trabalho em rede, dentre outros pontos. “Temos o desejo de ter uma retransmissora da TVT no estado, organizar uma rádio comercial e um jornal alternativo”, declarou.
Por fim, o dirigente mostrou o site da CUT-RS, explicando as editorias e o funcionamento das seções do portal.
Carta de Porto Alegre
No final do seminário, foi lida e aprovada com alguns ajustes a Carta de Porto Alegre – “Comunicação, Democracia e Resistência”. O texto de três páginas contém a avaliação do momento político do país, a posição contrário à PEC 55 e às reforma da previdência e trabalhista. O documento se opõe à MP que desmonta a EBC e aos projetos de extinção da TVE, FM Cultura e Corag. Também enfatiza a defesa da democratização da comunicação e defende a profissionalização da comunicação sindical com a contratação de jornalistas e profissionais de comunicação.
O texto final será divulgado na próxima semana.