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PORTO ALEGRE – BOLSONARO QUER FAZER AJUSTE FISCAL NA CONTA DO TRABALHADOR

“O presidente Jair Bolsonaro não propôs uma reforma da Previdência, é ajuste fiscal na conta do trabalhador, não trata de privilégios, não mexe com o andar de cima, só tira direitos de pobres”, afirmou o ex-ministro da Previdência Social nos governos Lula e Dilma, Carlos Eduardo Gabas, durante aula pública no início da noite de sexta-feira (12/04), no plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre.

No evento, Carlos Gabas, que é funcionário de carreira do INSS, resgatou a história da Previdência no Brasil, consolidada na Constituição de 1988, dentro da visão européia do estado de bem-estar social. “O capitulo da Seguridade Social foi um dos maiores avanços”, enfatizou.

“O Paulo Guedes (ministro da Economia) é um despreparado, um tosco, não entende de gente”, criticou Gabas. Ele questionou a política de retirada de direitos desde o golpe de 2016, enquanto vem sendo concedidas isenções para “tubarões”, como às petroleiras estrangeiras no governo Temer e R$ 62 bilhões em renúncias fiscais.

“A Previdência não quebrou. Tem sustentabilidade. O déficit de hoje é conjuntural”, observou. De acordo com ele, o que está em disputa no Congresso Nacional é o modelo de estado brasileiro, o modelo de país: “Se o Brasil vai proteger o pobre com o orçamento da União e vai cumprir o seu papel, ou se o orçamento vai ser utilizado para acumular recursos para o capital especulativo“, disse o ex-ministro.

Para Gabas, “o governo não tem nada de maluco, é desprovido de humanidade, justiça e democracia, mas segue uma lógica. Eles governam com diversionismo, mas ao mesmo tempo estão desgraçando o país, liberando agrotóxicos e entregando pré-sal a preço de banana”.
Gabas afirmou discordar dos argumentos utilizados para justificar essa reforma. Segundo ele, “o governo tem gastado muito dinheiro para dizer por aí que a Previdência está quebrada”.

“Eu afirmo a vocês: a Previdência não está quebrada”, destaca o ex-ministro.

“É claro que temos desafios para serem enfrentados, seria hipócrita se dissesse que a Previdência não tem problema, tanto que no governo do presidente Lula e da presidenta Dilma criamos espaços para discussão sobre a Previdência, mas eu digo que, se vou reformar minha casa, eu vou destruir minha casa? Não, eu vou melhorar minha casa”, compara.

Conforme Gabas, existe um projeto de desmonte da Previdência Social e a atual proposta, de modificar o sistema de aposentadorias, ataca diretamente os mais pobres.

“A Previdência não está quebrada, ela não é inviável; ela existe para atender as necessidades do nosso povo e o que precisa é ser consolidada, ampliada, isso que o governo faz é tirar recurso da Previdência e da Seguridade”, explica. “Por isso, nós somos contra essa reforma e precisamos fazer um debate para saber como fortalecer a Previdência, não acabar com ela”, enfatiza Gabas.

Reforçar a resistência

Em sua exposição, o assessor da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT) e comentarista da TVT, José Lopez Feijóo, salientou que os golpistas derrubaram a ex-presidenta Dilma Roussef para implantar um projeto. “O Brasil não tem elite, mas uma classe dominante, que é escravagista, colonial, de negócios.”

Conforme Lopez, enquanto estão eliminando as conquistas de bem estar social, também estão atacando o movimento sindical, que lutou para obtê-las para o povo brasileiro, tirando seu meio de luta e sustentação frente à Reforma da Previdência.

Em seu ponto de vista, o governo Bolsonaro quer reverter tudo o que foi conquistado pelos movimentos sociais ao longo de décadas. “Nós precisamos reconstruir e reforçar a resistência. Vai precisar de muita luta para derrotar essa reforma e recuperar a soberania nacional.”

“O alento é vamos à luta”, concluiu.
Reunindo a maior delegação presente no evento, diretores da Federação dos Trabalhadores em Saúde (FEESSERS) e dirigentes de diversos Sindisaúdes compareceram à aula pública junto com dirigentes sindicais de diversas outras categorias, trabalhadores e aposentados.

O evento, que teve por título “Virando ao avesso a reforma da Previdência”, foi uma promoção da CUT-RS em parceria com a CTB e a Intersindical.

Rosa Pitsch – Jornalista Sindisaúde Passo Fundo