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Trabalhadores da Saúde de Passo Fundo param a cidade em passeata

A passeata do dia 1° de junho foi um sucesso. Organizada pelo SINDISAÚDE de Passo Fundo, ela teve a presença de dezenas de trabalhadores dos hospitais da cidade que desfilaram pelas ruas que ligam a Praça Tamandaré à Avenida Brasil e pela avenida principal da cidade.Eles foram acompanhados por dirigentes e colegas dos SINDISAÚDEs de Erechim, Lajeado, Caxias do Sul, Pelotas, Porto Alegre, Região Metropolitana e Litoral Norte. A Central Única dos Trabalhadores (CUT- RS), Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde (CNTS) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social (CNTSS) também enviaram representantes.

A demonstração de força e unidade do movimento teve um caráter de protesto contra a falta de negociação dos sindicatos patronais com o SINDISAÚDE DE Passo Fundo. No percurso de cerca de dois quilômetros e meio da passeata, foram distribuídas cópias da Carta Aberta à População.

Representantes da CUT, das confederações e dos sindicatos da categoria, dos metalúrgicos e dos bancários se revezaram ao microfone para explicar aos passantes o motivo da manifestação e para dar apoio ao movimento.

Intransigência

O presidente da Federação dos Trabalhadores em Saúde do Estado do RS, Milton Kempfer, um dos primeiros a falar, afirmou que faz oito anos que os hospitais São Vicente de Paulo e Cidade não celebram mais Acordo Coletivo com o SINDISAÚDE Passo Fundo e aplica os reajustes que bem entende. “O resultado é que os salários vêm sendo reduzidos ao longo do tempo em relação ao custo de vida. A continuar esta intransigência dos patrões, os trabalhadores dos hospitais vão parar, em breve”.

Importância

O apoio à manifestação dos funcionários da rede hospitalar também veio da parte da CNTS. Valdirlei Castagna, disse que os empregadores deveriam abrir imediatamente as negociações com a categoria para que “o instituto da greve, se utilizado, seja a última alternativa”. Para o sindicalista de Caxias do Sul, os hospitais da cidade têm condições de atender as reivindicações da categoria, de pagar um salário mais justo e jornadas mais compatíveis com a importância dos trabalhadores do setor.

Ele ressaltou o fato de os profissionais do setor estar sendo afastados pela sobrecarga de trabalho e falta de funcionários, o que lhes resulta em doenças psicossomáticas. “Logo, logo, teremos nos hospitais doentes nos leitos e ao lado deles”, finalizou.

Estado de Greve

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Ailton Araújo, que puxou a caminhada com um veículo da entidade, advertiu a população de que enquanto a patronal não negociar os trabalhadores da saúde continuarão mobilizados em estado de greve.

“O PIB do Setor de Serviços no Estado vem crescendo, mas quando chega a hora de dividir com o trabalhador nada é feito”. A observação foi do diretor de Formação Sindical do SINDISAÚDE-RS, Gilnei Borges. Ele ressaltou o fato de os profissionais da área estar permanentemente expostos a doenças infecto-contagiosas e a dedicação com que os mesmos cuidam dos pacientes, trocando horas de lazer com sua família para dedicar-se à saúde de outras pessoas.

Nelson Antônio Fazenda, coordenador-geral do Sindicato dos Bancários defendeu o envolvimento da Câmara de Vereadores na intermediação com os donos de hospitais na tentativa de resolver o impasse da falta de negociações.

Luciano Viegas, que preside o SINDISAÚDE de Pelotas, pediu coerência e atenção aos proprietários dos hospitais locais e convidou a população para aderir ao movimento.

O assessor do presidente da Câmara de Deputados, Neri Gomes, disse estar chocado pelo fato de a patronal não sentar à mesa de negociações há oito anos com o SINDIDAÚDE de Passo Fundo para construir uma pauta que atenda às reivindicações dos trabalhadores. “Enquanto a economia da cidade cresce, eles não atualizam os salários. É preciso lembrar que são estes profissionais que cuidam da nossa saúde”, lembrou.

Debandada

Ao final da caminhada, a presidente do SINDISAÚDE de Passo Fundo, Terezinha Perissinotto, agradeceu a participação dos trabalhadores, ao apoio dos sindicalistas de vários cantos do Estado, e à Guarda Municipal de Trânsito da cidade, para que o trânsito não tivesse prejuízo.

Terezinha afirmou que não é só a questão dos baixos salários que preocupa a categoria, mas a debandada dos auxiliares e dos técnicos de enfermagem que estão migrando para outras profissões. “eles ganham
menos que serventes de pedreiro. Não podemos continuar a perder estes profissionais”, alertou.